Mais de 1.200 famílias alegam descaso dos governos municipal e estadual em relação à construção de moradias populares nestas duas cidades
Já o imóvel que fica em Santo André, no Jardim Santa Cristina, foi tomado por 450 famílias, é privado e possui cerca de 50.000 m². A ocupação dos dois terrenos foi batizada com o nome "Novo Pinheirinho", alusão feita à desocupação - que ganhou destaque nacional - da área localizada na cidade de São José dos Campos (SP), no Vale do Paraíba.
Os líderes do movimento de ocupação alegam que o bolsa aluguel pago pelo governo para algumas destas famílias irá vencer em julho e elas não terão mais como honrar os valores e serão despejadas. Além disso, parte desta famílias estaria morando de favor em casa de parentes e outra parte está prestes a ser despejada dos imóveis alugados pois não conseguem mais pagar pela utilização destas casas. O déficit habitacional em Embu, segundo o movimento, seria de 9 mil moradias; já em Santo André, seria de 25 mil.
Nota divulgada pelo MTST, afirma que o terreno de Embu "até hoje permanece abandonado e portanto sem nenhum uso social. Dois terços da área são classificados como APP - Área de Proteção Permanente - e devem ser preservados. Um terço dela, no entanto, não é classificada no plano diretor da cidade como área de preservação. A proposta do MTST é a de conciliar as necessidades de preservação ambiental com a de criar novas habitações nesses bairros cujo déficit habitacional é reconhecidamente alarmante".
Em relação à ocupação feita nesta madrugada em Santo André, a liderança do movimento emitiu a seguinte nota: " O MTST realizou, em 2010, uma ocupação no bairro Cidade São Jorge, em Santo André, que contava com 700 famílias dando origem ao acampamento 'Nova Palestina'. Como o terreno era da Prefeitura, ela rapidamente entrou com o pedido de reintegração de posse e a comunidade foi despejada sob a alegação de que já havia projeto para construir um galpão industrial, no mesmo local. A obra, supostamente, começaria um mês depois da desocupação. Contudo, até hoje o terreno permanece vazio e abandonado".
A nota continua: "Embora apenas 30 famílias tenham recebido o bolsa aluguel da prefeitura., iniciou-se uma importante negociação com a Prefeitura, que resultou na assinatura de um protocolo de intenções para a construção de 400 habitações no Jardim Santa Cristina. Mais uma vez, o compromisso não saiu do papel perdendo-se na trama burocrática da Caixa Econômica Federal (CEF) e da CDHU. As 700 famílias que sofreram o despejo no acampamento 'Nova Palestina' continuam até hoje sem ter onde morar. Depois de muitas lutas na cidade, de vários esforços de negociação - todos fracassados - a ocupação surge como a única opção para fazer valer o acordo já estabelecido e ampliá-lo para que beneficie mais famílias no município que cada vez mais sofre com a especulação imobiliária.