Wednesday, March 28, 2012

Vice-presidente de Cuba rejeita reformas políticas


De acordo com Marino Murillo, as únicas mudanças na ilha serão ajustes econômicos que tornem o socialismo cubano ‘sustentável’

Em meio à visita do papa Bento XVI, o vice-presidente cubano, Marino Murillo, garantiu ontem que "não haverá uma reforma política" no país. "Em Cuba, discutimos uma atualização do modelo econômico que faça nosso socialismo sustentável e tenha a ver com o bem-estar de nosso povo", afirmou Murillo, que comanda a reforma econômica de Raúl Castro. "Em Cuba, não ocorrerá reforma política."

Para o economista dissidente Oscar Espinosa Chepe, porém, "essas mudanças são inevitáveis e já estão ocorrendo na sociedade cubana". "É impossível desvencilhar a economia da política. Ninguém vai conseguir evitar a mudança política. Não há mais maneira de parar esse movimento, que foi iniciado pelo próprio governo (no fim de 2010, com a aplicação de medidas de abertura econômica na ilha)."

Na opinião de Espinosa, a visita do papa "está trazendo um segundo alento às reformas". Apesar da declaração de Murillo, o Partido Comunista ratificou, em janeiro, a intenção de limitar a 10 anos os mandatos dos líderes cubanos  incluindo os de alto escalão – apesar de não estabelecer um prazo para essa mudança.

"Uma vez definida e estipulada a política (de limitação à permanência nos cargos) pelas instâncias pertinentes, poderemos iniciar a aplicação paulatina sem esperar pela reforma constitucional", disse, na ocasião, o presidente cubano.

Questionado sobre as declarações de Bento XVI, que sugeriu aos cubanos a adoção de novos modelos após dizer que a ideologia marxista já não responde à realidade, Murillo foi evasivo. "Tudo o que preserve a unidade de nossa nação, o socialismo cubano e o nosso desenvolvimento, é bem-vindo", disse.

Fonte:  O Estado de S. Paulo, com AP